terça-feira, 22 de maio de 2012

Na forja do tempo, o meu ser


Ao nascer, ao reencarnar, a pressão atmosférica, sanguínea, guiou meu ser. A primeira informação que dou, que faço, é chorar. Para ser como os outros, a oxigenação. Na sucção do peito da mãe, a dimensão do afeto. No banho, no contato com a água, a delicadeza da natureza. Nos primeiros passos, a percepção da fragilidade, da dependência. Na repreensão dos adultos, a certeza do aprendizado, a dificuldade da compreensão. No olhar para o corpo crescido, angústia, a percepção de ser o corpo. Na alimentação diária, a força da vida na terra, da saciação do crescimento. Na dor, a dificuldade de compreender porque, no chorar, a certeza: estou longe da morada eterna. Na caminhada da adolescência, as frustrações, o medo, a angústia de ser. Na mocidade, as proibições, os olhares, as repreensões. Na percepção do sexo, uma angústia interna para satisfazer, para viver. No existir, no caminhar, no sofrer, o aparecimento do amor encenando o olhar longo. Na vida adulta, o trabalho, a disciplina, o encontro com o outro na intimidade. No aparecimento dos filhos, a preocupação para fazer o melhor, para se doar. Nas contradições, nos mal-entendidos da vida, a constatação de que somos diferentes. Nas observações das ruas, nos espaços públicos, um sentido crítico de não saber conter o magnetismo de tudo que vemos. Na velhice, a consciência do trôpego, o corpo pesado, a memória implacável, a reconstituição do tempo, a saudade, a finitude, a morte mostrando a democracia - todos são iguais - vão passar pela mesma porta. 
Que coisa fantástica é viver na experiência da terra! Cada abrir e fechar de uma janela, uma porta, um locomóvel, é fazer alegria, é ter a certeza do dia seguinte, é ser. No processo da evolução, cada segundo de consciência tem a significação operosa da transformação.

Psicografado em abril de 2010.

Fonte: Mensagem divulgada pela internet
Imagem: GettyImages

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